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SOBRE NÓS

 

 

A Associação Mães da fronteira nasceu após o brutal assassinato de nossos filhos, Breno Silvestrini e Leonardo Fernandes no dia 30 de Agosto de 2012. Eles foram mortos numa sexta feira entre 20:00 e 21:00 horas após terem sidos sequestrados na saída de um bar na Cidade de Campo Grande/MS.

 

Breno na época com 18 anos e Leonardo com 19 anos. Ambos cursando Universidade Federal, cheios de vida, de amor e de esperança por um mundo melhor. Breno com seu olhar meigo, com seu jeito quieto e observador adorava animais, esportes e seu melhor lazer era estar com amigos numa roda de tereré. Leonardo com seu jeito espontâneo, um poeta promissor, adorava andar de skate que era seu esporte preferido, tocar violão e cavaquinho eram seu passatempo e seus amigos eram seu horizonte, amigos estes que cultivava desde pequeno, inclusive o Breno seu melhor amigo. 

 

Suas vidas foram ceifadas por marginais que queriam o carro que eles estavam para trocarem por 3 quilos de Drogas na Fronteira Brasil/Paraguay.

 

Nossa luta então começou. Não queríamos acreditar na possibilidade de vivermos sem nossos filhos, sem a pureza de seus sonhos, sem a alegria de seus sorrisos, sem a suas generosidades diárias perante aos seres humanos e animais e sem aqueles olhares brilhantes. Mas infelizmente a crueldade e a impunidade nos fez fazer parte da triste estatística de criminalidade deste País, e assim transformamos o nosso Luto em LUTA.

 

Ficamos com o pensamento voltado em saber que a vida de nossos filhos valia tão pouco, que o ser humano seria capaz de matar por drogas, por ganância, por burrice e o pior por saber que somos tão violáveis quanto a segurança que os governantes desse País e desse Estado nos oferecem principalmente em se tratando de FRONTEIRA.

 

Esse crime cruel só aconteceu por que aqueles marginais sabiam da fragilidade na fiscalização de nossas fronteiras, sabiam que poderiam atravessar a Fronteira a qualquer hora, em qualquer dia, com qualquer coisa que não seriam importunados, nem fiscalizados, nem interrogados. Infelizmente nosso Pais está com as fronteiras "abertas" para qualquer um sair com qualquer coisa e qualquer coisa entrar com qualquer um.

 

O País possui 16,8 mil quilômetros de fronteira e ainda assim não temos segurança e nem fiscalização efetiva. Esse fato começou a latejar nas nossas cabeças, pensávamos todos os dias que isso não seria possível que alguém teria que fazer alguma coisa, foi nesse ponto que fomos á luta. 

 

Fizemos passeata, carreata, caminhada, falamos com autoridades, arrecadamos assinaturas, fomos a Brasília, fizemos audiência Pública e pela seriedade que tratamos esse assunto sempre tivemos parceiros ímparares nessa batalha. Temos a certeza e somos consciente de saber que é só o começo de uma luta árdua e sem fim, mas não podemos desistir nunca, não  podemos cruzar os braços e o principal jamais esquecer a morte de nossos filhos amados e lembrar sempre que essa dor não foi em vão.

 

Por isso, lançamos a Associação MÃES DA FRONTEIRA, que tem como objetivo maior Lutar pelo aperfeiçoamento das questões ligadas a segurança na fronteira do Estado de Mato Grosso do Sul com os países do Paraguai e Bolívia, a fim de que se promova, em caráter permanente a fiscalização nestas áreas colaborando para o desenvolvimento institucional público e privado realizando estudos e pesquisas, produzindo e divulgando informações e conhecimentos técnico-científicos, relacionados a preservação da vida, ao meio ambiente, a redução dos índices de criminalidade, ao desenvolvimento econômico e social sustentável com foco na cultura da paz, ao combate à pobreza com apoio aos modelos sócio-educativos em segurança com cidadania para as famílias no âmbito de Mato Grosso do Sul.

 

Refletindo sobre os responsáveis por tamanha violência ainda que não seja inédita pois quantas vidas já se foram, concluímos que o tráfico internacional de drogas, o desinteresse e a falta de vontade política por parte dos governos em promover ações efetivas e eficazes tanto no controle fronteiriço quanto ao combate ao uso de drogas que se alastra por todos os rincões deste país e constatadamente já se confirmou ser doença, que esses fatores foram os únicos responsáveis pelas mortes de nossos filhos.

 

Embora parece que seja uma questão local, a realidade é que a fronteira do Estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguay/Bolívia é um dos maiores corredores de passagem do tráfico internacional de armas, pessoas e drogas, que estão na raiz da nascente da criminalidade, da violência e da destruição de vidas, crianças, jovens, adultos, velhos, índios, aos milhares pelo Brasil afora que estão idiotizados e escravizados pelo vício. Trata-se portanto de uma questão de segurança nacional.

 

A Associação  Mães da Fronteira quer e vai servir como instrumentos capaz de multiplicar inspirações quanto à necessidade de um envolvimento de todos em prol da cidadania, da conscientização quanto à necessidade de lutarmos urgentemente por políticas sérias e eficazes, por uma atitude contundente do Governo Estadual e Federal quanto à problemática em questão e por exigir que exista sim um Direitos Humanos, mas que exista não só para bandidos e marginais mas para toda a familia vitimada pela violência. Até o momento, passou-se um ano e meio da morte dos nossos filhos e em nenhum momento recebemos a visita ou se quer um telefonema do tal "Direitos Humanos".

 

Queremos levar nossa história para a sala de aula, queremos palestrar sobre a violência, sobre o quanto o uso de drogas pode e traz desgraça para todos e sempre deixar nosso recado de educação e preservação da família.

 

Por fim queremos que você mãe, pai, irmão(a), enfim todos se concientizem que somos nós os principais lutadores, que somente juntos podemos fazer algo exigindo sempre para que nossos direitos adquiridos por Lei sejam cumpridos em definitivo. Em outra ocasião poderíamos pensar que não precisaria fazer nada afinal de contas o problema não seria nosso, mas infelizmente estamos á deriva e não sabemos se voltaremos para casa ou seremos vitimados pela violência.

 

Afirmamos sempre que não precisava esperar algo horrivel acontecer para tomar uma atitude, por isso que pedimos que apoie nossa causa, lute por nossos ideias, junte-se a nós. Não espere que aconteça o mesmo. Sozinhos somos nada, juntos somos tudo.

 

Lilian Silvestrini  & Angela Fernandes

Breno Silvestrini & Leonardo Fernandes

 

 

 

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